sexta-feira, 7 de setembro de 2012

"Fique sabendo que eu quero é correr mundo, correr perigo."



Dá vontade mesmo de estar em eterna mutação. De acordar um dia de cabelo azul, e uma semana depois estar de cabelo laranja. De tatuar o corpo todo, e seis meses depois estar com o corpo limpo. Dá vontade de usar as asas que tenho, a liberdade subentendida.. De mudar, enjoar, e mudar de novo. De pintar uma parede, mover o móvel de lugar. De debater política, religião, jogos de futebol, relacionamentos, mas de, principalmente, usar muito o silêncio. Dá vontade de comer salmão um dia, e no outro morrer por um hot dog. Amar e desamar. Dá vontade de sair sem lenço e sem documento, pegar uma carona pro litoral e se sentir viva. Gastar as horas de um dia vegetando, e no outro correria. Curiosidade... passar um dia tendo um metro e oitenta, e com sorte, no dia seguinte acordar com o meu digníssimo um metro e quarenta e sete. Ser capa de revista num dia. Namorar um surfista, que nas horas vagas é empresário. Mudar tudo de ordem. Um fim de semana com a família, e dois totalmente "v1da lok@" Vida louca. Pegar um voo pra amsterdam, depois um trem pra frança. Fazer a caminhada de Santiago de Compostela. Conhecer pessoas. E voltar. Ir ao extremo de cada coisa. 8 e 80. Ensinar. Aprender. Duvidar. Respeitar.
"Fique sabendo que eu quero é correr mundo, correr perigo." Mas também quero segurança, tranquilidade, estabilidade e instabilidade. Me jogar. 
Praticar o desapego, ou se apegar.. O importante é que, ao misturar tudo, usar, abusar, e por fim VIVER, ainda reste um coração, e um cérebro que nele, tudo o que pude colher como experiência, tudo o que vivi de bom, de inspirador, de ruim, do que for...  Sejam lembranças que a velhice não possa encontrar um cantinho pra esconder de mim. Que cada coisa que ainda hei de viver e o que já se passou fique gravada em mim, viva. 
E meu desejo maior é que, quando velhinha, eu possa sentar em uma cadeira de balanço, com meu velho ao lado, curtindo o solzinho de fim de tarde, e pensar: "poxa, vivi metade do que almejei, obrigada Senhor, me foi mais do que suficiente" 
E não achem que metade será pouco, por que a explicação é uma só... eu quero tanto, que a metade do que quero é o dobro do que a maioria tem pretensão. 

E eu vou.. vou indo, caminhando. Com todas as atuais limitações de vida. Em busca da plenitude.
Neuza Lantyer